Book of Shadows

L´amour n´a point de moyen term: Ou il perd, ou il sauve

quarta-feira, abril 09, 2003

Hoje findou a mini-s�rie da intragavelmente irresist�vel Rede Globo - A Casa das Sete Mulheres. Vou fazer um estudo sobre essas obras primas que vez em quando brotam de criaturas aben�oadas como Maria Adelaide Amaral, Walther Negr�o, Jayme Monjardim para o hor�rio privilegiado das onze horas. Chiquinha Gonzaga, Os Maias, Hilda Furac�o... E que linda tela puseram na moldura vazia do nosso passado desconhecido. A�, quando acaba, vem aquela sensa��o p�s-Ttitanic. Puxa vida! Nooossa! �, o Brasil tem mais her�is do que se imagina. E o que dizer das mulheres?
"Na casa onde passariam anos, mesmo irremediavelmente confinadas, elas exerceram papel fundamental no desenrolar da guerra. Foram elas que, a todo custo, tendo que pagar como pre�o a pr�pria integridade f�sica e mental, mantiveram de p� a estrutura social que dava sustento operacional a tudo aquilo. Elas tiveram que passar a cuidar do trabalho no campo, a comercializar o gado, cuidar da fam�lia e defender suas propriedades, organizar o abastecimento das tropas em campanha al�m, � claro, de rezar, chorar e enterrar seus mortos.
As mulheres esperavam e sofriam, solit�rias, a ansiedade desta espera. Viviam � expectativa de not�cias vindas por meio de cartas e bilhetes trazidos por mensageiros que levavam dias e at� meses para chegar ao seu destino � quando chegavam. E viviam de suas intui��es e premoni��es com as quais teciam o fio condutor de suas vidas.
� na est�ncia que essas mulheres v�o descobrir a dor e o prazer, a solid�o e o amor, enfim, viver todas as ang�stias de uma guerra. � l� que elas v�o esperar por seus homens � relacionamentos existentes e outros que ainda v�o surgir �, e viver a amargura do abandono e a intensidade dos poucos momentos de alegria. � l� que elas v�o fazer o imposs�vel para mant�-los vivos e dispostos a lutar pelos seus ideais."
Como nem a toda poderosa Adelaide nem o Negr�o podem mudar o desfecho da hist�ria, Garibaldi vai-se embora com sua esposa e o filho. Mesmo Anita tendo vivido apenas at� os vinte e sete anos, o amor de Giuseppe e Manuela s� veio a se realizar, como ele mesmo disse, no pensamento. Mas creio que n�o para ela. Consta que Manuela de Paula Ferreira viveu at� os oitenta e quatro anos, solteira, a espera de seu �nico e grande amor. Alguns dizem que enlouqueceu, na minha opini�o se a guerra n�o o fez, nada mais poderia faz�-lo. Manuela foi, como tantas outras, v�tima do acaso. Por t�o pouco toda sua vida poderia ter sido diferente. Devido a dist�ncia e a relut�ncia proveniente da press�o social e, sobretudo, de sua m�e, n�o chegou a tempo para que os la�os da paternidade n�o tivessem ligado seu Garibaldi para sempre � Anita. Talvez por isso nunca se tenha perdoado, mas n�o se resignou ao sofrimento como fez sua m�e. Manuela sabia que ela e Anita foram as mulheres que ele mais havia amado, e mesmo a outra sendo esposa, m�e de seus filhos e companheira de batalhas, que ela estaria eternamente ligada a ele por um la�o c�smico, algo sobrenatural. Manuela viveu para narrar uma hist�ria de dez anos de luta por ideais pol�ticos, de todo o povo, liberdade, igualdade, aboli��o, justi�a. Garibaldo e Anita s�o eternos s�mbolos do ideal republicano riograndensee da liberdade, mas Manuela representa aquelas mulheres que ficavam a espera de seus homens, maridos, filhos, parentes, amigos que iam pelear sem nunca saber se retornariam ao seio de seu lar. Mulheres fortes, mas com sensibilidade suficiente para amar a vida inteira, toda a vida um amor. Enquanto hoje os relacionamentos n�o sobrevivem, sequer, ao pr�prio ego�smo. O amor das mulheres estava a cada noite fria, a cada batalha dif�cil, em cada estio, tempos de fome e dor, estava l� acalentando-os e trazendo-os de volta a seus lares mesmo que n�o chegasem... Caetana que esperou tanto para ter seu amado a seu lado e ver os filhos e netos crescerem, viu Bento ser levado por infec��o pulmonar, doen�a adquirida na guerra, apenas dois anos ap�s o fim do conflito...
� melhor parar. H� uma outra guerra, nem um pouco nobre, sendo tra�ada aqui perto, muito diferente, num mundo muito diferente, de sentmentos muito diferentes. Vou postar essa m�sica da Leila Pinheiro que embalava os encontros terrenos e de al�m-vida de Estev�o e Ros�rio, que "morreu do desejo de morrer" para encontrar seu amor na eternidade. (Creio que j� postei antes, mas nunca � demais...)

Uma Voz No Vento

"Uma voz no vento
Chama azul do dia
Doce perfume, can��o
Uma voz no tempo
Resiste na noite
E as l�grimas fogem de ti
Uma voz no vento
Uma voz me chama
Brisa de amor, doce cora��o
Uma voz no tempo
Carinho na alma
E as l�grimas fogem de ti

Se quem chegou, partiu
Se quem vir�, j� foi
S� pra quem fica os dias s�o todos iguais
Mil sonhos pra enterrar
Ventos e vendavais
Corpo e alma afetam
Se os anos pesam demais no cora��o


E as l�grimas fogem de ti
E l�grimas fogem de mim
E um rio se forma de n�s..."